Acordei e imediatamente algo que
me fez parar por alguns segundos diante de uma rotina. Logo percebi que seria
um dia diferente. Não sei ao certo o sentimento, acho que DESESPERO se
enquadra. Era para eu estar no modo mecânico, fazendo toda a monotonia diária,
mas percebi que o meu ouvido direito estava em modo silencioso. Culpei-me! Há
algumas semanas atrás quis silenciar o mundo por alguns minutos de estresse.
Pensei o quanto seria BOM (isso mesmo, usei esse termo) ficar surda. Queria uma
calmaria, estava saturada das palavras, do barulho do mundo. Queria sossego,
tranquilidade, uma ausência do som. E naquele momento, uma parte de mim parecia
estar de acordo em realizar o meu pedido. Será que estava realizando justo este?
A sensação era de estar tapado, completamente tapado. Quanto incomodo! Antes de
tomar qualquer atitude, o medo apareceu. Como eu nunca tinha reparado a importância da
audição? Sabia que poderia ser por conta do resfriado que estava passando, mas
e se eu parasse de escutar tudo para sempre? Que medo! O mundo no mudo. Com
certeza preferi ouvir a voz da minha avó brigando comigo novamente, mas lembrei
de outros sons. Eu, uma amante da música, como viveria sem? Como seria pegar
meu violão, e ao tocar não escuta-lo? Seria como viver no mundo imaginário.
Olhar para uma árvore se balançando com o vento, e fazer um esforço para lembrar
o som que ela faz. A rotina mudaria completamente. Pegar ônibus, não ouvir
carros, buzinas, que perigo! As conversas? Como seria? Meus amigos mais
próximos, o que fariam? A comunicação é essencial, ainda mais para uma
estudante de JORNALISMO. O que seria da minha profissão? Da minha autoestima? Quantos
sons já haviam passado por mim sem importância? Quantas palavras ditas? Quantas
vozes não ouvidas? Eu, que tenho como característica a paciência em “ouvir as
pessoas”, a perderia? Em meio aos sentimentos, lembrei-me de uma frase: “Cuidado
com seus pedidos, eles podem se realizar”. (...)
- Luyne Matos
- Luyne Matos
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