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Poor boy


Um sábado. Acordou após o almoço. Sua semana de insônia e entrega aos pensamentos durante a madrugada compensada numa manhã de sono. Estava completamente desgastado e prometeu que dormiria cedo –mais uma vez. Decidiu se levantar e se doar a rotina matinal. Deu seu olhar de bom dia com aquele sorriso maravilhoso, ele não sabe, mas era ótimo estar naquele momento ao seu lado. O “Poor Boy” (como ele se autodenomina) quis preparar o café, e enquanto a água fervia repetia que “não sabia fazer aquilo”. Ele não sabe, mas eu acabei experimentado e adorei. Entre os risos e um café pronto havia uma caneca impossível de não ser notada. Com uma estampa de Jornal do dia, e um encanto para qualquer estudante de jornalismo. Ele me fez inveja, e até ousou dizer que me “daria” com aquele sorriso de brincalhão. Fomos para a mesa e comemos bolacha acompanhada do café com leite. Insisti em elogiar a caneca. Ele a segurou, e começou a ler tudo o que estava escrito nela. Era um cardápio de café da manhã de alguns países. Não tenho certeza, mas acho que decidimos comer na Alemanha. Entre risadas e escolha de países, ele continuou lendo. Havia tópicos como curiosidades, dicas, sorte do dia e entre outros. Por último o horóscopo. Ele pediu atenção. “Atenção para o horóscopo do dia”. “Boas propostas aparecerão para você. Esteja atento para não perder as oportunidades”. “O horóscopo de todos os dias”. Achei engraçado a sua maneira cômica de ler para mim e o seu comentário logo depois. “Leio todos os dias, e espero todos os dias as boas propostas, mas elas não aparecem”, disse o Menino Pobre. “Será?”, questionei. Ele deu aquele sorriso por qual sou apaixonada. “Spend all your time waiting for that second chance”, canta Sarah. Música que minutos depois ele me fez escutar. Passamos uma tarde de confidência, e eu então me encantei! Por vezes o sorriso gostoso era o meu. Algo mágico aconteceu. Ele não sabe, mas muita coisa do que escutei foram boas propostas de vida. “Eu estou no lucro. Vim para estudar e ganhei amigos” é o paradoxo de “espero todos os dias as boas propostas, mas elas não aparecem”. E muitas, muitas outras frases foram de encontro a sua indignação. Ele não sabe, mas a rotina mata. Lidar todos os dias com a mesma frase é não procurar outras interpretações. Mas o melhor e mais lindo de tudo, é que ele consegue enxergar, da sua maneira, as coisas boas da sua vida. Ele aprendeu vivendo, mesmo deixando uma caneca tirar proveito de si. Eu também aprendi. Escutar o horóscopo diário foi a novidade do MEU dia. E ali estava a oportunidade da qual eu não poderia perder: Lendo para mim. E pelo menos isso, eu espero que ele saiba. 

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